terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

SOBRE PALAVRAS E REMÉDIOS

 

A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas."
(Freud)

Alguns podem pensar que Freud disse isso há tantos anos atrás...! E que hoje, com as fluoxetinas e amitriptilinas da vida, isso já foi superado...
Mas, como dizem, "o buraco é mais embaixo". Dia após dia eu escuto pessoas que me contam do fracasso de tais medicações. Pessoas que tomam anti-depressivos há tanto tempo...que já não sabem mais o que veio antes: o ovo ou a galinha. Isto é, o que vem antes: a tristeza ou o medicamento?
São muitos os casos de pessoas que já não se lembram como é a sensação de não tomar o medicamento. E que ainda assim, sentem-se cada vez mais tristes, dias após dia. Denunciando a falha, a incompletude da Medicina, Farmacologia, Psiquiatria.
Outro dia alguém me contava que não podia tomar rivotril, porque esse medicamento lhe gerava uma sensação de felicidade tão artificial, que lhe causava angústia.
A tristeza faz parte da vida do ser humano. Ora, se a falta é constitutiva, como ser feliz todo o tempo? Processos de elaboração de luto fazem parte da vida e da dor de cada um. É preciso que se faça a elaboração dos lutos, que se pense, que doa. O remédio serve para ajudar a fingir que a dor não está lá...quando está!

Muitos acreditam que o remédio serve para ajudar na cicatrização de uma ferida que foi aberta e está doendo...Quando na verdade, os remédios servem para fazer parar a cicatrização.

Bem, aí trata-se da escolha de cada um. Lutar para a cicatrização de suas feridas, ou maquiá-la... Viver tem conseqüências, cada escolha tem seu preço.
POSTADO ORIGINALMENTE NO BLOG SIGNIFICANTES DE ANA SUY SESARINO

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